segunda-feira, 23 de março de 2009

Poesia de Fernando Pessoa 1

Sinde Filipe
Poesia de Fernando Pessoa 1

Decca SLPDX 513
1969
LP

1. A Grande Esfinge do Egipto (Fernando Pessoa)
2. Ó Tocadora de Harpa (Fernando Pessoa)
3. Saudade Dada (Fernando Pessoa)
4. O Menino da Sua Mãe (Fernando Pessoa)
5. O Andaime (Fernando Pessoa)
6. Autopsicografia (Fernando Pessoa)
7. Liberdade (Fernando Pessoa)
8. O Infante (Fernando Pessoa)
9. Nevoeiro (Fernando Pessoa)
10. Mestre, São Plácidas (Ricardo Reis)
11. Vem Sentar-te Comigo, Lídia (Ricardo Reis)
12. Não Tenhas Nada nas Mãos (Ricardo Reis)
13. As Rosas Amo dos Jardins de Adónis (Ricardo Reis)
14. Ouvi Contar Que Outrora, Quando a Pérsia (Ricardo Reis)
15. Prazer, Mas Devagar (Ricardo Reis)
16. Para Ser Grande, Sê Inteiro (Ricardo Reis)
17. O Meu Olhar É Nítido Como um Girassol (Alberto Caeiro)
18. Pensar em Deus É Desobedecer a Deus (Alberto Caeiro)
19. Num Meio-Dia de Fim de Primavera (Alberto Caeiro)
20. Olá, Guardador de Rebanhos (Alberto Caeiro)
21. Aquela Senhora Tem um Piano (Alberto Caeiro)
22. Os Pastores de Vergílio Tocavam Avenas (Alberto Caeiro)
23. No Meu Prato Que Mistura de Natureza! (Alberto Caeiro)
24. Quem Me Dera Que Eu Fosse o Pó da Estrada (Alberto Caeiro)
25. O Tejo É Mais Belo Que o Rio (Alberto Caeiro)
26. Se Eu Pudesse Trincar a Terra Toda (Alberto Caeiro)
27. O Que Nós Vemos das Coisas São as Coisas (Alberto Caeiro)
28. Li Hoje Quase Duas Páginas (Alberto Caeiro)
29. Ontem à Tarde um Homem das Cidades (Alberto Caeiro)
30. O Mistério das Coisas, Onde Está Ele? (Alberto Caeiro)
31. Passou a Diligência Pela Estrada (Alberto Caeiro)
32. Se, Depois de Eu Morrer (Alberto Caeiro)

Sinde Filipe: voz
António de Macedo: sonoplastia

Este é o primeiro LP da histórica série "A Voz e o Texto", coordenada por David Mourão-Ferreira desde o início, em 1960, precisamente com um EP onde o próprio declamava alguns dos seus poemas. Aqui, junta-se um tratamento sonoro à declamação, de forma a criar determinados efeitos extra-literários, e o responsável pelo mesmo é António de Macedo (realizador de cinema, ensaísta, escritor e pai do compositor António de Sousa Dias). Até então, a única experiência no seio desta colecção com algo mais do que a voz ocorrera num EP de Norberto Barroca, em que a poesia de António Botto era acompanhada pelas guitarras de Jorge Fontes e de José Maria Nóbrega. A escolha irrepreensível dos poemas - feita por David Mourão-Ferreira - seria completada com um 2º volume, editado no ano seguinte, e que em tudo seguia os ditames deste primeiro. A série prosseguiria até 1976, sendo que a partir de 1971 abandonaria definitivamente o formato EP para se dedicar apenas ao LP.

segunda-feira, 16 de março de 2009

A Grande Dama da Canção Portuguesa

Maria de Lourdes Resende
A Grande Dama da Canção Portuguesa

Marfer MEL. 30-095-S
1969
LP

1. Não, Não e Não (Jerónimo Bragança / Nóbrega e Sousa)
2. Adufe (Arlindo de Carvalho)
3. Leiria (Silva Tavares / Belo Marques)
4. Mulher Pequenina (Belo Marques)
5. Agora Que Te Encontrei (António José / Nóbrega e Sousa)
6. Coradinhas (Folclore)
7. Beira Baixa (Folclore - arranjo: Belo Marques)
8. Dois Caminhos (Belo Marques)
9. Rosinha Moleira (Fernando Farinha / Alberto Correia)
10. Deserto (Belo Marques)
11. Entardecer (Hernâni Correia / Wolmar Silva)
12. O Amor Tem Destas Coisas (Arménio Silva)

Maria de Lourdes Resende: voz
Orquestra Marfer
José Santos Rosa: arranjos, direcção

Dona de uma das mais extensas e interessantes carreiras na área da canção ligeira, Maria de Lourdes Resende manteve-se no auge da popularidade durante praticamente vinte anos (de inícios da década de 1950 a inícios da de 1970), tendo, no entanto, continuado a cantar ainda depois do 25 de Abril de 1974. Este "A Grande Dama da Canção Portuguesa" marca um dos raros momentos em que a sua obra chega ao formato LP, através do selo espanhol Marfer. Com contrato com esta editora desde o ano anterior, a cantora tinha já gravado um EP com reportório da autoria do debutante Denis Manuel (um cantautor que nunca chegaria às edições em nome próprio, apesar de em finais desse ano de 1969 anunciar à imprensa que iria gravar um disco a partir da poesia de William Blake), mas a fórmula aqui é bem diferente e visava sem dúvida o sucesso certo. Assim, reunem-se uma série de temas já consagrados na voz de Maria de Lourdes Resende, anteriormente gravados para as casas Estoril e Valentim de Carvalho, e com as novas orquestrações de José Santos Rosa chega-se a um disco que tentava mostrar que os antigos "standards" o eram de facto. Composições como "Mulher Pequenina", "Entardecer", "Leiria", "Não, Não e Não", "Deserto" e "Adufe" (algumas delas novas) apresentam-nos a escrita de uma geração de autores que desapareceu após o 25 de Abril e que ainda hoje continua sem sucessores à altura. Por outro lado, Maria de Lourdes Resende bem que já merecia uma homenagem pública - um espectáculo televisivo, por exemplo. Podia ser que a ouvíssemos de novo cantar, passado tanto tempo - uma ideia apenas para um perpetuar da memória.

segunda-feira, 9 de março de 2009

10000 Lépés

Omega
10000 Lépés

Qualiton LPX 17400
1969
LP

1. Petróleumlámpa (Anna Adamis / Gábor Presser)
2. Gyöngyhajú Lány (Anna Adamis / Gábor Presser)
3. Tüzvihar (Anna Adamis / György Molnár)
4. Udvari Bolond Kenyere (Anna Adamis / Gábor Presser)
5. Kérgeskezü Favágok (József Laux / Gábor Presser)
6. Tékozló Fiúk (Anna Adamis / Gábor Presser)
7. 10000 Lépés (Anna Adamis / Gábor Presser)
8. Az 1958-as Boogie-Woogie Klubban (Anna Adamis / Gábor Presser)
9. Spanyolgitár Legenda (Anna Adamis / Tamas Mihály)
10. Félbeszakadt Koncert (Anna Adamis / János Kóbor)

Laszlo Benkő: teclas, trompete, vozes
János Kobor: voz
József Laux: bateria
Tamas Mihály: guitarra baixo
György Molnár: guitarra
Gábor Presser: teclas, vozes

Segundo álbum deste grupo (embora a estreia, no ano anterior, tivesse sido assinada como Omega Red Star), aqui se encontra um momento curioso de cruzamento entre o psicadelismo húngaro e o psicadelismo português por via de um festival japonês. Confusos? Com efeito, em 1970 começava no Japão o World Popular Song Festival, promovido pela Yamaha. Num ano em que Portugal optara por não participar no Festival da Eurovisão, Sérgio Borges (vencedor do Festival da Canção com "Onde Vais Rio Que Eu Canto") tem em terras orientais uma oportunidade de mostrar a canção ao mundo. No entanto, quaisquer aspirações cairam por terra logo na primeira semi-final, a 20 de Novembro de 1970, com esta a ser eliminada. Outra canção a ficar pelo caminho foi precisamente a participação da Hungria, da responsabilidade dos Omega, mas Sérgio Borges ouviu "The Girl with Pearls in Her Hair" e não ficou indiferente. Já em Portugal, grava uma versão da mesma com o Conjunto João Paulo, que, com o título encurtado para "Pearls in Her Hair", viria a ser o lado B do último disco de originais do grupo (single "Mar (Meu Pão, Casa, Pedra, Fome)", de 1972). E que versão! Toda a força da voz do cantor se mostra aqui bem patente, e os arranjos folk rock só fazem pensar no que se poderia ter ganho caso a Valentim de Carvalho tivesse apostado num LP de originais do Conjunto João Paulo nesta fase... Mas voltando aos Omega e ao seu segundo LP: ora é precisamente aqui que se encontra a versão original de "The Girl with Pearls in Her Hair, cantada em húngaro, com a designação "Gyöngyhajú Lány". Como parece querer dizer o título do álbum dos Omega ("10000 Lépés" pode traduzir-se por "10000 Passos"), um longo caminho percorreu esta canção até chegar a Portugal - mas a viagem valeu bem a pena!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Joly Braga Santos: Fifth Symphony (Virtus Lusitaniae)

Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional - Silva Pereira
Joly Braga Santos: Fifth Symphony (Virtus Lusitaniae)

Decca SLPDX 512
1969
LP

1. 1º Andamento- Preludio
2. 2º Andamento- Zavala (Scherzo)
3. 3º Andamento- Largo
4. 4º Andamento- Allegro Energico ed Appassionato

A música erudita de origem portuguesa conheceu em 1969 uma edição de vulto, com o lançamento pela casa Valentim de Carvalho da "5ª Sinfonia" de Joly Braga Santos. Obra estreada em Dezembro de 1966, no Teatro Nacional de São Carlos, com a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional dirigida pelo próprio compositor, fora distinguida dois anos depois pela Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO. Tornou-se assim no primeiro álbum monográfico de Joly Braga Santos, então com 45 anos mas já um valor confirmado da música contemporânea portuguesa. Esta gravação, sob a direcção do maestro Silva Pereira, tem sido várias vezes reeditada, embora com a capa algo adulterada. Em todas elas, no entanto, surge o belíssimo quadro "Dantescas", da autoria de João de Mello Falcão Trigoso, avô de sua mulher. Apesar do lugar comum, não será demais chamar a atenção para o 2º andamento, onde os ritmos da percussão moçambicana enriquecem o colorido da obra, projectando-a para além de quaisquer fronteiras geográfico-políticas e afirmando o seu intrínseco valor musical.